sábado, 26 de abril de 2008

Seguindo os instintos

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Depois do polêmico post em que falei sobre um possível futuro mais chato, resolvi voltar no tempo (e bota voltar nisso!).

Hoje eu estava cozinhando e me dei conta de que, mesmo sendo uma mulher do século XXI (com todo aquele papo de liberdade, dar importância à carreira, gostar de ir a um boteco com as amigas e perder a voz gritando num estádio de futebol) eu ainda devo ter muitas coisas das minhas tatatatatatatatatatataravós (acrescente mais milhares de “ta”s) que viviam nas cavernas. E mais perto do que isso, devo ter muito a ver com a minha mãe, minha vó, minha bisa e outras parentes que nunca cheguei a conhecer.

Estou falando dos instintos. A mulher das cavernas era a que cozinhava para a família toda, cuidava dos filhos, colhia frutas e outros vegetais (e depois criou a agricultura), e devia cuidar da caverna dela também com algum tipo de vassoura improvisada com galhos de árvores. Nesse meio tempo ficava papeando com as outras mulheres das cavernas, trocando receitas, fofocando e falando mal dos maridos enquanto esperavam eles chegarem em casa com a caça do dia, contanto mil histórias mirabolantes.

Milhares de anos se passaram, e aqui estou eu e você, cara leitora, com os mesmos instintos daquelas mulheres coitadas que tinham que limpar a caverna sem detergente ou esponjinha Scotch-Brite (será que existia mulher das cavernas faxineira??).

Não sou uma cozinheira exemplar, mas eu adoro todo o ritual de cozinhar, separar os ingredientes, sentir o cheirinho do molho ficando pronto e aquele prazer quando alguém come e elogia o prato! Quando cozinho penso em quem vai comer aquilo (nem que seja apenas eu mesma), e capricho ainda mais dependendo da pessoa.

Antes disso tem o supermercado, adoro ir a supermercado!!! (como as nossas antepassadas que deviam adorar deixar as crias em casa um pouco pra ir catar umas frutas). Se estou atucanada com alguma coisa e vou ao super parece que tudo melhora, sei lá, ainda mais se é dia de promoção ou daquelas provinhas maravilhosas.

Isso sem falar no instinto maternal. Adoro criança e bichinhos fofos. Gosto de cuidar, brincar, fazer dormir, e fico até de olho quando alguma sai correndo pelo ônibus a ponto de tropeçar e se espatifar no chão (já evitei que uns quantos acidentes desse ocorressem).

Tem dias que olho pra minha casa e fico com vontade de arrumar tudo, trocar tudo de lugar, limpar, jogar coisas fora, um furacão! Gosto de deixar a “caverna” em ordem.

Pode ser que algum leitor machista comente que “lugar de mulher é na cozinha mesmo”, blá blá blá, e não é esse o meu ponto. Nem acho que um seja melhor do que o outro (homens e mulheres), somos diferentes, só isso.Quis dividir isso com vocês pois eu acho que, muitas vezes, nós mulheres pensamos tanto em nos igualar aos homens, adotamos tantas atitudes masculinizadas e nos esquecemos de dar mais atenção aos nossos instintos, a quem nós somos em essência. Nos esquecemos de dar mais carinho às pessoas que gostamos, nem que seja caprichando num molhinho de cachorro-quente. Nos esquecemos de que o mundo só não é mais bagunçado porque nós existimos. Nos esquecemos de que sempre tem alguém precisando de um colinho, independentemente da idade. Será que não estamos nos esquecendo de sermos mais mulheres?

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